segunda-feira, 16 de novembro de 2015

A Teoria dos Olhares Perdidos.

Diz-se quando uma pessoa encontra-se envolta em uma solidão quase imperceptível, enamorada por uma memória ou simplesmente um vazio. Ela está “olhando para o nada”, mas na verdade está olhando para si, em uma dimensão impossível de ser identificada por qualquer um que não seja ela mesma.

Um olhar enigmático, muitas vezes interrompido por conta da estranheza que se é estar tão quieto em meio a conhecidos, porém ainda assim tão bem aceito diante das janelas e dos espelhos de desespero. Uma história inteira, horas e horas de vida passando por um olhar perdido, um olhar in-decifrável e intragável, que ocasiona emoções indevidas e algumas vezes perceptíveis(que horror!), como o riso.

Como se decifra esse olhar? Esse olhar do senhor que senta no banco da pracinha de flores todos os dias na mesma hora, sem acompanhante e sem pressa. Esse olhar da menina mulher que teme o dia seguinte em que terá que amadurecer e ser mulher independente. Esse olhar do rapaz preocupado com as obrigações do futuro e que, ainda que faça graça ao ser questionado, se preocupa e chora nos sonos noturnos por não saber o que fazer.

Um olhar perdido é quase uma hipnose em que nós mesmos caímos sem querer ao perambular por nossos delírios, desde as pequenas loucuras até as situações vergonhosas, um olhar perdido é tão comum e tão ignorado, jogado de lado e esquecido no momento em que o mundo real vem a tona e te bate de frente, ordenando-te a viver.

E por isso é tão difícil resolver, decifrar, parar para pensar nele sem que ele tome conta de quem pensa, até que acaba se tornando como o é: perdido.

Formulada por: Amanda Girão e Bruna Santos.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Ei noite

Desanimada, cansada, sozinha:
Caminhava.
Abandonada cuspiu na vida,
Latejava.

Cansada, respira com calma:
Morria.
Ansiedade, insônia, sofria:
Inquietada.

Amada rasteja suas dores:
Vazias.
Aquela que tudo já fostes:
Ardia.

Um passo, um esforço em vão. 
Calada rasteja no chão.

Quem fostes? Importa tão pouco.
Te trouxe um ar de louco.

Visão que embaça na noite,
Nas noites que embaçam 
A vida.

Nas noites que some
A vida.

Nas noites que morre
A vida.

Nas noites já eras
Partida.

(Amanda Girão/Ama)


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Menininha

A menina com seus
Ima-gi-ná-ri-os .
Um quê de ingênua ,
Um tanto de saber .

A menina com seus
O-bi-tu-á-ri-os .
Garotinha, tadinha,
Não sabe crescer. 

Um sorriso inocente 
E esperança imbecil ,
A menina viu 
O seu decadente 

Um pingo de gente 
Inteiro no corpo. 
A menina partiu 
A menina vil.

(Amanda Girão, Ama, 2015)

sábado, 3 de outubro de 2015

Orvalhar

Em um ser sem finito
um olhar escondido
um pensar constrangido
e você.

O corpo enquadrado
em seus vasos estourados,
um dia enlaçados
a outro ser.

E perdido, pedido fugido
cultivou o sonho sofrido
desapareceu com o orvalho a derreter

Ah, que pena te ver orvalhar

Ah criança querida
será que um dia
irá acordar?

(Amanda Girão, Ama, 2015)

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Vida

Acordo e é noite,
enquanto dormia,
escureci com o dia.
Esqueci da vida, mergulhei no sonho,
mas despertei para o que havia.

Havia o real e o encarei:
ele se foi efêmero, mutante,
em dias a fio, despedacei
e montei a vida errante.

Senti meus laços em sentimentos
dos que se dizem meus semelhantes.
Rompi tratados incongruentes
do que eu seria adiante.

Depois me perdi em mim de novo
e agarrei no olhar a morte,
procurei nela socorro.
Escura, ela disse: boa sorte.

 (Amanda Girão, algum momento de 2009)

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Boa noite e até nunca! Deixei no teu jornal matinal (ao lado do cinzeiro e da caixa de cigarros), na seção obituário, sorrisos frios, uns olhares. E parti. Adeus! eu disse quando te conheci.

(Ama)

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Versos Antigos 2

A verdade pura sorri
Na maldade que irá causar
Os olhos inocentes já não brilham
Medrosos, escondidos a gritar.
(Ama)