Diz-se quando uma pessoa encontra-se envolta em uma solidão quase imperceptível, enamorada por uma memória ou simplesmente um vazio. Ela está “olhando para o nada”, mas na verdade está olhando para si, em uma dimensão impossível de ser identificada por qualquer um que não seja ela mesma.
Um olhar enigmático, muitas vezes interrompido por conta da estranheza que se é estar tão quieto em meio a conhecidos, porém ainda assim tão bem aceito diante das janelas e dos espelhos de desespero. Uma história inteira, horas e horas de vida passando por um olhar perdido, um olhar in-decifrável e intragável, que ocasiona emoções indevidas e algumas vezes perceptíveis(que horror!), como o riso.
Como se decifra esse olhar? Esse olhar do senhor que senta no banco da pracinha de flores todos os dias na mesma hora, sem acompanhante e sem pressa. Esse olhar da menina mulher que teme o dia seguinte em que terá que amadurecer e ser mulher independente. Esse olhar do rapaz preocupado com as obrigações do futuro e que, ainda que faça graça ao ser questionado, se preocupa e chora nos sonos noturnos por não saber o que fazer.
Um olhar perdido é quase uma hipnose em que nós mesmos caímos sem querer ao perambular por nossos delírios, desde as pequenas loucuras até as situações vergonhosas, um olhar perdido é tão comum e tão ignorado, jogado de lado e esquecido no momento em que o mundo real vem a tona e te bate de frente, ordenando-te a viver.
E por isso é tão difícil resolver, decifrar, parar para pensar nele sem que ele tome conta de quem pensa, até que acaba se tornando como o é: perdido.
Formulada por: Amanda Girão e Bruna Santos.